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Terra Ignota

by Hugo Noguchi

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1.
Bruxismo 02:14
Vislumbro os desastres, o numero é extenso. Escondo o diagnóstico num sorriso tenso. Eles não querem minha verdade, não sinto saudade. Converto o pesadelo em um arquivo wav. Os que te alimentam te levam pro abate. Os que te limitam, fortalecem sua base. Meu estilo não tem pai. Em um segundo a morte se distrai. Preênseis. Superar eu consigo. O ouro irá ter consigo. Uma vida inteira em luto antecipado. Difer-ente: ser simpático não é ser gente boa. Amor verdadeiro vai te encontrar no fim. Toda lembrança é feita de lágrimas caídas, se a queda constitui o início, há como cair mais fundo? É a morte de um sonho. Cacos de vidro, mentiras brancas, chave das trancas. Imano uma luz tão intensa que por vezes é malquista. Já se foram os anos de suprimento de narcisista. Estamos olhando a mesma lua. Há quem não goste de mim tudo bem, eu não gosto deles também. Quem se importa com o alheio é cobrado um milhão de vezes. Avaliações inadequadas ativam emoções incontroláveis. A máquina morre se não acelera, trancados sozinhos com uma quimera. Silêncio no estúdio e caos no set, até hoje acumulo ameaças na internet. Os tigres da ira são mais sábios que os cavalos da instrução. Gestos de hegemonia, insígnias do poder. Uma gaiola saiu a procura de um pássaro. Trocando o eixo do sul pelo centro, devoro um lamen que possui coentro. O músculo que contrai enquanto eu durmo, é o mesmo que uso enquanto sorrio.
2.
Memoria 02:51
Nem todo final é um ponto, morto o tempo se acelera. Me lembre do que não me define, não confunda admiração com respeito. E se ocupe nascendo e renascendo sem falsas verdades, apenas mentes nuas, pegas entre o espaço e o tempo. Nascido e criado atravessando oceanos, filhos de operários e prestadores de serviço, desaprendeu e reaprendeu a falar. Quem vê não imagina o que passa, Vai morrer sem saber o que sentir. De um lado não agüenta o trabalho, à noite o vazio o consome. Vai morrer sem saber seu lugar. De outro a violência de uma solidão ensurdecedora, e com uma só incumbência de viver a se silenciar. Nosso tempo vai passar como um sopro, somos mães de quem veio antes, pais de quem veio antes. Flutuem na vasta imensidão, resolvam os traumas de outra geração. Retratos que ninguém quer mais, narrativas superficiais, leis não escritas, porcelanas guardadas, casas vazias... Se se amar é complicado, imagina amar o mundo? Tantas perdas no passado, tanta dor e mau olhado, não importa a direção, se pra dentro ou pra fora, existe uma lei que sempre revigora: “Todo amor se retribui, todo amor se retribui.” A água corre sobre meus joelhos, e minhas recordações dolorosas.
3.
Outrém 03:10
Andando em círculos. Fadado a se ver em espelhos construídos por outrém. Alvos do desprezo ou reféns do desejo de outrém. Pode tentar me apagar, fingir que não estou aqui. Tentar nos nerfar, escolher os nossos papéis aqui. Isso tudo pra nos roubar, entocar nosso ouro. Mas é inevitável: eu vou raiar. Como um sol nascente, eu vou raiar. Vou iluminar o que você esconde, derreter seus heróis de plástico. Na mesma cena roubam nossas idéias e nos matam, e na seguinte nos castram, ou nos usam para se saciar. É só você e mais ninguém que entende, e o resto nem vai notar. A solução meus amigos e amigas, não virá do lado de lá. Se se aproximam, não se iluda: é apenas pra te usar. Seu caminho é bem estranho, se negar esse lugar. Persistência e força de vontade são necessários pra trilhar. Você não sabe o que vai encontrar mais a frente, mas é melhor ser o que é não só um enfeite no altar. A fome é carcereira de si, nós somos a nova era. Dois olhos negros, uma cabeça curvada, uma coroa caída. As horas que passam nos devoram. Discos arranhados, a zona do crepúsculo. Língua infértil, imagem refletida. Davi acertando a pontaria. Devir amarelo, criptocolônia. Reflexos dos reflexos dos reflexos do passado. Abalo dos sentidos, nomes trocados. Abéis dos Caims de olhos claros. A história é um quebra-cabeça que nunca para de se montar. Eu to aqui porque você esteve lá. Proteja seu pescoço do primeiro vento de inverno, pois o silêncio murmura. Um tigre espreita à sombra.
4.
Atos Humanos 02:36
“Atos humanos” Moralidade, um alvo em movimento. Verdade não tem data de validade. Vivendo sempre no limite, como major Katsuragui. No reino das roupas sujas, que aguardam pra se lavar, grandes erros fazem história, pequenos vão te sentenciar. Quem tem sombra não espera o sol. O inconsciente é a sombra da nação. O que não vira palavra desagua em sintoma, o mesmo pra cada ação. Atos humanos, atos humanos, atos humanos? Atos humanos. Atos humanos, atos humanos, atos humanos, atos humanos. Atos humanos, atos humanos, atos humanos? Atos humanos. Atos humanos, atos humanos, atos humanos, atos humanos. Se equilibrando pra não cair no buraco que separa as “cracias” do mérito real. Ratos na corrida pra ser a exceção que confirma a regra. Em nenhum templo sereno honram os seres divinos. Idéias envelhecem mal demais. A maratona favorece as mentes opacas. Por isso tiro o brilho da cabeça, pra não ofuscar seus olhos cansados. Atos humanos, atos humanos, atos humanos, atos humanos. Atos humanos, atos humanos, atos humanos, atos humanos. Atos humanos, atos humanos, atos humanos? Atos humanos. Atos humanos, atos humanos, atos humanos, atos humanos.
5.
Brutalisme 02:54
Até o fim tem um fim. Nós somos um glitch. À procura de ontem, coberto nas trevas do tempo. Com seus olhos no bolso, e seu nariz no chão. Amanhã o passado virá. (São apenas portas entre nós) O presente se descortina na minha mente. Pra trás se vai o à frente. Deslocado como um carnaval em abril… Reações químicas em meu cérebro pintam quadros em anil. Economistas israelenses, filosofia camaronesa. O peão se torna rei, descartável como Ayanami Rei. Fábricas de narrativas, A verdade está nas máquinas. Sua ignorância está à venda e o preço é bem alto. Solidão pra quem vende, influência pra quem compra. Espíritos nos observam de olhos abertos. Pedras rolam submersas no pesadelo do progresso O mundo é um aquário. Dentro da noite que não clareia, nós comemos, andamos e dormimos. Ando no breu pra não viver de joelhos. O preço das ações. Fronteiras das nações. A procura de um sentido nas direções das multidões. O passado, sabor de um fantasma. Promessas já não bastam, recuso seu espelho, eu quero seu ouro. Lá no fundo a pergunta: quão cego eu preciso ser pra sorrir no terceiro mundo? Mortes reais, mortes simbólicas, vingança, compensação. Atos de amor (A história falhou conosco, mas não importa)
6.
49 Dias 02:53
Tereza era apenas um bebê… Esperando sua mãe no cafezal… Uma mosca pousou em seu olho e colocou seus ovos ali. Por catorze anos não se soube se a retirada era necessária. Mas aconteceu, e nunca se adaptou aos olhos de vidro. E também nunca errou o fio na agulha. 90 anos depois repousa na sala de estar. Envolta em flores brancas, com um batom rosa, seus dois olhos fechados. Com duas filhas e três filhos criados, e uma enterrada anos atrás. E no dia do velório choveu de alagar, da mesma forma que aconteceu no enterro da sua filha. E já acostumado a todas essas perdas, espero 49 dias, para levar pra casa uma chaleira e seu conjunto que ela guardou pra mim… A morte veloz vira um vidraceiro.

about

Terra Ignota by Hugo Noguchi

Lyric video on: www.youtube.com/watch?v=UruQKXZcX8I

credits

released January 25, 2024

Produced, composed, arranged by Hugo Noguchi

Art by João Fujioka and Lucas Guimarães

license

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Selo Diáspora Brazil

Selo brasileiro voltado para a divulgação de música feita por pessoas racializadas.

Brazilian label aimed at divulging music made by racialized people.

Arte por João Fujioka e Adriene Araújo

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